Pela primeira vez, após quase um ano de crise hídrica, o governador Geraldo Alckmin
de água. A afirmação foi feita após a Justiça por aumento de consumo de água na região, até agora a investida mais radical adotada pela Sabesp para reduzir a demanda pelo recurso.
Segundo a decisão judicial, a penalização só poderia ser aplicada caso o governo decretasse estado de racionamento – o que oficialmente ainda não ocorreu. Como a própria expressão sugere, não foi criado um “decreto de lei” determinando o corte de água, tampouco foi apresentado um plano detalhado com as providências a serem tomadas.
Tão importante quanto o planejamento, é disponibilizar informações claras e precisas para que a população possa se preparar para os cortes, sem ser pega de surpresa, como tem ocorrido. E não se trata de divulgar os
(redução de pressão da água), como fez a Sabesp, nesta quarta-feira (14), após determinação do órgão regulador (Arsesp).
Tem que dizer os bairros afetados, os dias em que o abastecimento será suspenso e quando vai voltar, a periodicidade do racionamento (o corte será de 24h em 24h ou de 32h em 32h?) e até quando será aplicado (serão semanas ou meses?).
A cartilha é velha conhecida da Sabesp, e foi seguida ao pé da letra durante a crise de abastecimento que atingiu parte da Grande São Paulo no ano 2000. Claramente, ela não está sendo seguida na atual crise do Cantareira, que já opera no limite do limite, com 6,3% da segunda cota do volume morto.
Conforme o entendimento de Alckmin, São Paulo vive um racionamento desde o momento em que a ANA ordenou a diminuição na retirada de água do Sistema Cantareira.
Na sequência da declaração do governador, o novo presidente da Sabesp, Jerson Kelman,
, em entrevista ao SPTV na tarde desta quarta-feira. “É evidente que uma pessoa que está sem água diversas horas está sob racionamento, isso é óbvio. Agora, não há uma situação sistêmica de racionamento em toda a região metropolitana”, disse.
OUTRAS VISÕES SOBRE RACIONAMENTO
Segundo Roberta Baptista, professora do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Anhembi Morumbi, “quando um município decreta racionamento, significa que toda a região está sendo atingida pela falta de água”.
Segundo Roberta Baptista, professora do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária da Anhembi Morumbi, “quando um município decreta racionamento, significa que toda a região está sendo atingida pela falta de água”.
Roberta considera que o ato do governo assumir o corte oficial no fornecimento de água seria uma medida mais democrática do que reduzir a pressão (prática que a Sabesp admitiu adotar). “O racionamento atinge todas as áreas, ricas e pobres, não é seletivo”.
Woodrow Nelson Lopes Roma, do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São Carlos da USP, acrescenta: “O racionamento é igualitário, qualquer pessoa, até o Presidente da República, tem direito à mesma quantidade de água.
Ainda segundo o professor, “tendo em vista a acepção da palavra, a ideia de ‘racionar’ um recurso escasso não permite perdas no processo”, o que implicaria fechar todos os registros e só entregar água por caminhão-pipa, a fim de se evitar furtos e perdas na rede de abastecimento.
Nos dicionários, as definições sobre racionamento convergem para a mesma ideia: de uma distribuição controlada de recursos, onde cada pessoa ou família recebe uma parte igual.
Na prática, o racionamento em SP não está sendo tão “racional” assim.
Postado Por Pr. Alair Alcântara
Liberdade
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