Grupo se reuniu em São Paulo para contestar o fim da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão
Da Redação, com Agência Brasil
Em Brasília, jornalistas pediram exigência de graduação
Uma manifestação reuniu estudantes de jornalismo de São Paulo e Campinas contra o fim da obrigatoriedade do diploma de graduação em jornalismo, estabelecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Cerca de 120 estudantes, segundo a Polícia Militar, reuniram-se às 10h30, em São Paulo, em frente a um hotel onde o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, estaria ao meio-dia para fazer palestra a empresários.
A maioria dos manifestantes usava um nariz de palhaço. Muitos estavam de avental e de chapéu de cozinheiro, além de levarem panelas e colheres de pau. Alguns estudantes se reuniram em círculo para "cozinhar" para o ministro, que chegou a comparar jornalistas a cozinheiros ao apresentar seu voto, no plenário do STF, na semana passada.
Para o estudante de jornalismo Marco Mesquita, a decisão do STF não é adequada porque cada jornalista tem seu modo de ver e apurar as notícias. "A faculdade é fundamental para ensinar o modo mais ético", disse.
A estudante de jornalismo Camila da Silva foi protestar por achar que a medida não afeta apenas aos jornalistas. "É uma questão de cultura. Com a desobrigação, menos pessoas vão querer cursar uma faculdade e o país terá menos cultura."
BrasíliaA capital federal tambe´m foi palco de protestos contra a decisão do STF. Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Romário Schettino, a determinação confunde prática jornalística com emissão de opiniões. A manifestação reuniu estudantes, jornalistas e sindicatos ligados à categoria, em frente ao Supremo.
“Jornalismo não é emitir opinião. Jornalismo é apuração”, disse Schettino aos pouco mais de cem manifestantes. “De forma nenhuma a prática jornalística fere a liberdade de expressão, até porque sempre houve e sempre haverá, nos veículos, espaço para esse tipo de manifestação. O que nós jornalistas fazemos é apurar fatos e, seguindo critérios técnicos, identificar aqueles que são mais relevantes para a sociedade”, completou.
Segundo Schettino, o sindicato vai às ruas com o objetivo de debater a questão e apresentar uma nova proposta de regulamentação da profissão. Mas ele lembra que a prerrogativa para a apresentação da proposta precisa ser do Executivo.
“O ministro do Trabalho já tem em mãos um projeto elaborado pela Fenaj [Federação Nacional dos Jornalistas]. Vamos lutar para implementá-lo, cientes de que esse tipo de proposta é de competência do Executivo, e que a apresentação de novas leis pelos parlamentares poderá ser considerada inconstitucional”, argumentou.
http://www.abril.com.br/noticias/brasil/protesto-decisao-stf-reune-estudantes-jornalismo-479056.shtml