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segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não temas, filho! – Salmo 23.4

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.” Salmo 23.4.
Contexto: O verso de hoje encontra-se em um dos trechos mais conhecidos de toda a Sagrada Escritura; o Salmo 23. A confiança neste Salmo se estende desde as primeiras instruções as crianças em escolas dominicais até o cerne de esperança nos derradeiros suspiros de um ancião. Jeová é apresentado como pastor e guia do Seu povo, como o guardador das promessas que fez; além de um Ilustre anfitrião. O Novo Testamento nos revela quem é esse pastor: Jesus o Cristo de Deus. Disse Ele: “Eu Sou o Bom Pastor” (1). Este Salmo nos mostra uma lição de soberania, conforme explica Meyer: “Aprendemos a olhar mais a sua responsabilidade para conosco do que nossa atitude para com Ele” (2). Não que esta possa ser ignorada, mas em nossa relação com Deus, quem sempre é fiel é Ele. Henry Morris, comenta que mesmo Davi escrevendo sobre a sua experiência como pastor, o crédito da beleza e simetria do salmo pertencem a Deus pois “sua mensagem transcende de muito qualquer coisa que Davi ou qualquer outro homem pudesse ter divisado, falando com grande poder e benção a todas as pessoas de qualquer época ou lugar” (3). Ainda que o primeiro verso seja o mais conhecido, creio que o quarto verso seja o centro que dá equilíbrio ao Senhor como nosso pastor (versos 1-4) e como anfitrião na eternidade (versos 5-6).
Por que não temer? 1 Porque O Senhor é nosso pastor e é Ele quem nos guarda e guia; 2 porque é Ele quem nos consola ; 3 porque guarda a promessa da eternidade aos filhos.
Aplicação: Sendo Jesus o nosso pastor podemos ter confiança plena na consequência desta afirmação: “nada nos faltará”. O Bom Pastor dá a Sua própria vida por Suas ovelhas (4). Deus “há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”, diz Paulo (5). Nossa fome será saciada em pastos verdejantes e nossa sede saciada em águas calmas (versos 2 e 3). A vida cansada é refrigerada, ou seja, restaurada por Ele. Passamos a caminhar por veredas de justiça, e por Ele somos guiados nestes caminhos. Por quê? Cremos que o maior motivo que poderíamos ter para nossa segurança é que Ele faz isso por “amor do Seu nome”. Não é por nossa virtude ou merecimento, pois não somos dignos deste cuidado. Também não é por obrigação. Mas sim, como afirma John Stott: “por lealdade a Seu caráter e Suas promessas” (6). Não são as ovelhas que guardam o pastor, mas, é O Pastor quem guarda as Suas ovelhas. Aleluia! Para mostrar o Seu amor, o Senhor nos faz repousar e nos leva-me junto das águas. As duas expressões são idênticas no hebraico, dando uma conotação mais próximo ao segundo termo “leva-me” (ou gentilmente me guia).
Ele refrigera, restaura a alma cansada. Ele sabe de nossas necessidades básicas e “há de suprir [...] cada uma”, isto “por amor de Seu nome”.
Mas há algo a mais; “por amor de Seu nome” Ele nos guia pelas veredas da justiça. Se no segundo verso os verbos tem a conotação de conduzir gentilmente aqui a palavra é diferente, com uma conotação mais próxima a ordenança, algo como “guiar forçosamente”. Para fazer com que Sua promessa se cumpra o Senhor imprime em nosso coração o Seu querer e o realizar (7). Morris ainda afirma que “o crente necessita desesperadamente de cuidado e direção que ele mesmo não pode prover, do mesmo modo que a ovelha necessita do pastor” (8). O “caminho da justiça” que leva a salvação e a perseverança neste, é-nos garantida por Jesus, nosso Pastor, “por amor do Seu nome”. “O Senhor firma os passos do homem bom e no seu caminho se compraz; se cair, não ficará prostrado, porque o SENHOR o segura pela mão” (9).
Qual é o seu problema? Ainda que seja a “sombra da morte”, ou melhor: a proximidade iminente da morte, não precisamos temer. A ideia aqui não é igual a do Salmo 91, onde os mortos se empilham ao redor sem sermos atingidos. Aqui o alvo é você e eu. Mesmo que estejamos com um problema mortal, o Senhor está conosco (10). Seu bordão é usado para nos tirar de buracos e ou evitá-los. Já o cajado é usado também como vara. Estranho a princípio, é a associação de uma vara com a expressão “me consolam”. Mas a palavra consolo pode ser traduzida por arrependimento. Por vezes, a vara do Senhor nos encontra para que a repreensão gere arrependimento. Isso é amor. O consolo é certo, seja através do guiar com bordão, seja após o arrependimento causado em amor pelo cajado (vara) para que se retorne ao “caminho da justiça”. O Senhor exorta aos que Ele ama, e quando necessário açoita Seus filhos (11). Só quem não é filho fica sem correção (12). Isto é amor e soberania, pois é o Senhor nos sustentando em nossa peregrinação, seja pelos “pastos verdejantes” seja pelo “vale da sombra da morte”; seja em “águas tranquilas” ou abaixo do cajado que corrige; nossa segurança está em Cristo. “Esqueçamo-nos de nós e confiemo-nos a Ele com tudo, em tudo e por tudo” (13).
Daqui em diante, o pastor se mostra como um Anfitrião. Estamos em Sua presença desde agora e eternamente. Várias figuras são empregadas no texto e nos dão motivos para não temer. Uma mesa é posta diante de nossos adversários. Não para humilhá-los. Antes, devemos ao máximo amar nossos inimigos e tratá-los como o conselho de Eliseu (14), não ceando em frente a eles, mas com eles, oferecendo as Boas Novas, o Pão da Vida, e uma mensagem de paz (15). Assim como fomos reconciliados a Deus por e em Jesus, devemos com ousadia e humildade ser agentes de reconciliação entre Deus e os não alcançados (16). Lembremos sempre que nada, nem nossos inimigos podem nos afastar da promessa de Deus; eles nada podem fazer. A expressão “o meu cálice transborda” tem um rico significado. Nas ceias, quando o anfitrião judeu não queria que sua visita saísse, mantinha o cálice de vinho cheio, pois não se levanta de uma mesa com este pela metade. Nosso Senhor nos mantém em Sua presença. Encontramos na carta aos Romanos, Paulo citando uma lista, exaustiva em seu significado, com dezessete coisas que não podem nos separar dEle (17), dando-nos segurança plena. “Bondade e misericórdia”, duas coisas que necessitamos, nos “seguirão todos os dias de [...] vida”, diz o texto. Seguir tem o significado de caçar. Estas coisas nos alcançarão porque o Senhor assim desejou. Por fim, uma promessa após vida terrena. Não temamos as adversidades. Estamos sempre com o Senhor e estaremos eternamente com Ele. Tenhamos a confiança de Stott: “Finalmente, habitarei na casa do Senhor para todo o sempre – não no Tabernáculo ou no Templo, nem apenas na Sua presença nessa vida, mas naquela casa do meu Pai com suas muitas moradas, da qual Jesus falou, onde Ele disse que iria para preparar um lugar para os Seus” (18).
Referências:
(1) João 10.11;
(2) Comentário Bíblico devocional do Velho Testamento – F B Meyer – Betânia, p. 277;
(3) Amostra de Salmos – Henry M. Morris – Vida, p. 101;
(4) João 10.11;
(5) Filipenses 4.19;
(6) Salmos Favoritos – John Stott – Abba Press, p.32;
(7) Filipenses 2.13;
(8) Morris, op. cit., P.103;
(9) Salmo 37.23-24;
(10) Mateus 28.20;
(11) Hebreus 12.5-13;
(12) Idem 12.8;
(13) Meyer, op. cit., p.277;
(14) 2Reis 6.20-23;
(15) Mateus 5.44, João 6.35;
(16) 2Coríntios 5.18;
(17) Romanos 8.38-39;
(18) Stott, op. cit., p. 32, citando João 14.1-4.
Ave Crux, Unica Spes!

Lamentamos o fato de que muitos evangélicos mudaram de "pregar" para "compartilhar" a Palavra de Deus, o que sutilmente transfere a autoridade da Palavra de Deus para a experiência e opinião humanas.



Reproduzido Por: Dc. Alair Alcântara



Liberdade


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