Pesquisa personalizada

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não temas, filho! – João 14.27


“Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” João 14.27.
Contexto: Jesus, próximo ao clímax de Sua missão, instrui e consola Seus discípulos, após a Última Ceia. O cenário do diálogo é obscuro, provavelmente a caminho do jardim de Getsêmani. De certa forma, fazendo um resumo de todo o Seu ensino, Jesus traz também algumas revelações aos Seus amigos, ora por eles, dá um novo mandamento e alerta sobre lutas e perseguições iminentes. Promete o Espírito Santo, um lar celestial e que voltaria. Promete fazer de seus corações o Seu (e do Pai) lar. Também promete dar a Sua paz de uma forma não conhecida pelo mundo; ordena que não temam sem se perturbem. Ora, Sua intercessão por eles e “também por aqueles que vierem a crer em mim (nEle), por intermédio da Sua (de Deus) palavra” (1); posso crer que estas instruções, mandamentos e consolos dados neste belo sermão (2) com tão sublime corolário “também por aqueles”, aplica-se a nós hoje igualmente.
Por que não temer? 1 Porque recebemos do Senhor a paz dEle; 2 porque essa paz é diferente do que aquela que o mundo pode nos dar ; 3 não temos porque temer já que estamos nEle e Ele em nós.
Aplicação: Algo nos foi deixado. Um dos legados de Jesus a nós é esta herança que podemos usufruir não apenas no cumprimento escatológico, mas especialmente em tempos adversos como nossa peregrinação por esta terra. O verbo traduzido por deixar “pode ser lido com o significado de ‘legar em herança’” (3). Jesus nos alertou sobre tribulações que havemos de passar para que não sejamos surpreendidos, antes tenhamos paz (4). Ou seja, Cristo nos deixou a Sua paz como herança, de graça, para passarmos por estes momentos confiantes. John Piper afirma que: “Se pela graça de Deus você está seguro de que Ele é por você e não contra você, então, quanto mais evidências encontrar da soberania de Deus, mais feliz será” (5). Para muitos a felicidade seria ter paz. Pessoas dariam tudo o que possuem para ter paz. O problema é que o conceito de paz é baseado em pressupostos de uma humanidade decaída. Ter paz para estes é ter a plena ausência de problemas. Ter paz segundo Cristo é ter ausência de preocupações. Se nos detivermos na obediência de Seus mandamentos, que caracteriza nossa demonstração de amor prática a Ele, podemos estar certos de que Ele habita em nós, segundo Sua promessa (6). Não somos divinos, mas, o Senhor nos garante que através de Seu Santo Espírito, a Trindade Santa habita em nosso coração até Sua volta corpórea (7).
Teremos problemas? Sim. Como ter paz? Confiando que o Criador do Universo está em nós, nos confiando aos Seus cuidados e então não temermos. Isto não é estoicismo? Não, porque o estóico se mantém impassível diante das dores ou alegrias. Não é a isso que o texto bíblico remete. Podemos chorar e sofrer. Podemos nos alegrar e nos irarmos. Podemos até temer algo. Isso não é contradição, antes é termos a liberdade e o dever de sermos sinceros. Não nos mantemos numa resignação néscia, mentindo com frases como: “tudo está bem!”, quando não está. Ao contrário, podemos dizer: “tudo está muito complicado, além das minhas forças; eu não vejo saída para o meu problema, mas, confio no Senhor e sei que Ele vai glorificar o Seu nome em mim”. Isto não é fatalismo? Não, porque a diferença entre o fatalismo e quem crê na Soberania divina é o próprio Senhor. Explico. O fatalismo crê que tudo vai correr como determinado pelo destino e desespera-se, pois não há nada o que fazer. O cristão que confia na Soberania crê que tudo está predeterminado por Deus e tem paz, pois sabe que o Senhor é onipotente, ou seja, segundo McGrath, Ele tem “a habilidade de Deus alcançar Seus propósitos” (8). Isso é bom? Sim, pois “todos os Seus decretos são para o nosso benefício final”, conforme a Sua vontade que é boa, perfeita e agradável (9).
Para o mundo, conforme escrevi acima, a paz é caracterizada pela ausência de problemas. Como ter paz com/em meio a problemas? Com uma paz baseada no amor de Deus para conosco em Sua Providência fiel. Sua paz é diferente do que o mundo conhece, pois este, só tem paz mediante seguranças efêmeras. Saúde, dinheiro, bom casamento, bom emprego, status, poder. É o que a teologia da prosperidade oferece e o que tem lhe dado destaque. Estas coisas são realmente boas e ninguém pode negar isso. O problema é o âmago da questão: o que lhe dá paz, a saúde ou quem pode lhe dar saúde? O dinheiro, ou quem promete que o justo não mendigará (10)? Ou ainda, como ter paz se todas estas coisas se dissiparem e restar “apenas Deus”? Aqui é que o verdadeiro cristão aparece, pois para ele, não existe “somente Deus”, mas tendo Deus ele tem tudo o que precisa. Piper diz que: “nossas tribulações revelam o tamanho de nossa afeição por esta terra, seja pelas coisas boas ou ruins. Nossos problemas expõem nossa latente idolatria” (11). Amar alguma coisa ou alguém mais do que a Jesus é idolatria (12). Então nossos tempos difíceis são ordenados “para ver se criamos um outro deus. Amamos o pão ou Deus? Valorizamos Deus e acreditamos em seus bons propósitos em meio ao sofrimento ou amamos mais suas dádivas e nos iramos quando Ele as remove?” (13). Aqui é que fazem sentido as palavras de Paulo: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus” (14). Aqui entendemos que, com essa paz que o mundo não pode dar porque não a conhece, paz que excede o entendimento; o cristão pode passar pelas mais terríveis adversidades sem temer e esperançoso na fidelidade do Senhor. “Uns confiam em carros, outros, em cavalos; nós, porém, nos gloriaremos em o nome do Senhor, nosso Deus” (15).
É rotina eu citar Jesus dizendo: “eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (16). Como posso temer tendo a convicção que estou 24 horas por dia na presença de Deus? É sobremodo maravilhoso ter esta certeza. Se você estiver indo a pique em uma tempestade, o Mestre está junto no barco, não há motivos para temer (17). Se você estiver enfermo, o Senhor lhe cuida em seu leito e lhe acomoda confortavelmente (18). Se estiver em meio a uma guerra, não será atingido (19). Se estiver perdido, Ele é o caminho (20). Se estiver à beira da morte, não tema, Ele está contigo (21). Se estiver errando, Ele como Pai que é, o corrige (22). Poderíamos ficar citando mais e mais exemplos, pois a bíblia esta recheada de exemplos da fidelidade e segurança que temos em Deus. Não temamos nem nos perturbemos, antes confiemos nEle e no cumprimento dos Seus propósitos para a glória do Seu Santo nome. Não esqueçamos que “o poder (dEle) se aperfeiçoa (em nós) na (nossa) “Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida; estendes a mão contra a ira dos meus inimigos; a tua destra me salva. O que a mim me concerne o Senhor levará a bom termo; a tua misericórdia, ó Senhor, dura para sempre; não desampares as obras das tuas mãos” (24). fraqueza” e que “todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (23).
Referências:
(1) João 17.20;
(2) Idem 13.31-17.26;
(3) Jesus Segundo as Escrituras - Darrell L.Bock – Shedd & Vida Nova, p. 524;
(4) João 16.33;
(5) A Vida É Como a Neblina – John Piper – Mundo Cristão, p.133;
(6) João 14.23;
(7) Idem 14.16-18;
(8) Teologia Para Amadores – Alister McGrath –Mundo Cristão;
(9) Piper, op. cit., p.133 e Romanos 12.2;
(10) Salmo 37.25;
(11) Piper, op. cit., p.91;
(12) Colossenses 3.5;
(13) Piper, op. cit., p.90;
(14) Filipenses 4.7;
(15) Salmo 20.7;
(16) Mateus 28.20;
(17) Idem 8.23-27;
(18) Salmo 41.3;
(19) Idem 91.7;
(20) João 14.6;
(21) Salmo 23.4;
(22) Hebreus 12.4-8;
(23) 2Corínios 12.9 e Romanos 8.28;
(24) Salmo 138.7-8.




Reproduzido Por: Dc. Alair Alcântara
Liberdade




Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts with Thumbnails