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segunda-feira, 24 de maio de 2010

IGREJA, ORGANISMO RELACIONAL parte 2 - Riva dos Santos



A MANIFESTAÇÃO RELACIONAL DO ORGANISMO PARA COM O DIVINO
(Atos 2.42-47)

Sendo Corpo de Cristo, a Igreja é antes de tudo um organismo que existe e se movimenta para Deus. A razão primordial é adorar a Deus em “espírito e em verdade” (ver Jo 4.19-24). Toda a vida desse organismo depende dessa fonte, sem a qual ele não existe, nem pode se expressar de maneira saudável e transformadora neste mundo. Vejamos algumas praticas da igreja primitiva, que demonstra o quanto eles viviam em Deus e para Deus:


“Perseveravam na doutrina dos apóstolos” (v.42). Esta doutrina era aquilo que os apóstolos dos dias de Jesus (os doze) ensinavam com base no que aprenderam com o Mestre. Não se tratava de uma suposta “nova revelação”. Era o ensino de Jesus, historicamente fundamentado e relevante para um viver capaz de expressar a vontade de Deus.


É bom que se diga que a “doutrina” (palavra) dos “apóstolos” da atualidade não pode ser tratada em pé de igualdade com a dos doze (e Paulo). Na verdade, devemos seguir o conselho paulino: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja maldito” (Gl 1.8). Infelizmente há muita gente indo além, anunciando mensagens espúrias, e o que pior, não são poucos os que acreditam e abandonam a verdade.


Não há como nos relacionarmos bem com Deus, a menos que estejamos sempre predispostos a dar ouvidos à Sua Palavra. O organismo igreja só pode se mover corretamente se deixar que a os princípios verdadeiramente bíblicos norteiem sua caminhada. Os crentes primitivos não negociavam isso porque eles criam num relacionamento com Deus por meio da sujeição à doutrina que Este havia lhes confiado.


“e nas orações” (v.42). O que é a oração? Sem dúvida essa é uma pergunta para a qual obteremos respostas das mais diversas. É possível que a diversidade de respostas quanto a esse tema, seja um sinal claro da maneira como muitos de nós vivenciamos tal prática. Não acho que o problema resida na ausência de informações ou no fato da oração não estar sendo “praticada”, mas sim, no que geralmente é ensinado sobre o tema, e maneira como a grande maioria ora.


Para muitos de nós a oração passou a ser um grande amuleto religioso. Um meio para obter respostas as suas indagações pessoais, e “conquistar no mundo espiritual”. Outros por sua vez, se valem da oração para cumprir seu ritualismo religioso, que diz coisa do tipo: “você só será um bom cristão se orar pelo menos uma hora todos os dias”.


Mas será que era assim que a igreja primitiva perseverava nas orações? É evidente que não! Para eles, a oração era uma ação relacional, um diálogo com Deus, e não uma pratica religiosa. Muitos deles receberam o ensino de Jesus, sobre o tema (ver Mt 6.5-15). Devemos considerar que Jesus começa dizendo: “Quando orardes, não sereis como os hipócritas...” (v. 5). Orar é se relacionar com Deus como um verdadeiro adorador, e não como um pedinte ou alguém que vai a um supermercado religioso com sua “lista de compras” (pedidos).

Essa oração é feita em todo tempo, em todo lugar e de múltiplas formas. É expressão de vida tanto nos momentos alegres quanto em meios as tribulações (ver At 4.23-31).


“Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa” (v.46). As reuniões coletivas sempre foram e continuarão sendo uma marca do Corpo de Cristo. Como organismo vivo e relacional, ela também se expressa por meio dos ajuntamentos, das celebrações. É verdade que em muitos casos, principalmente da igreja organizacional, tais reuniões reflitam erroneamente a própria razão de ser do grupo, a ponto de muitos afirmarem que ir à reunião é “ir à igreja”, o culto é a reunião, etc.


Novamente vemos uma disparidade com o conceito de reunião da igreja primitiva, pois eles encaravam os encontros como momentos de alegria e de compartilhar mútuo. Todavia, as reuniões coletivas não eram o cerne da existência da comunidade, mas apenas uma das partes de sua expressão visível.


Nos ajuntamentos eles experimentavam ao mesmo templo da dupla face relacional como comunidade cristã. No templo e nas casas, eles tanto se relacionavam com Deus por meio de orações, doutrina e manifestação de dons, como também uns com os outros, através de conversas, ajuda mútua, partir do pão, etc.


Na atualidade nossos ajuntamentos parecem apenas focar uma dessas esferas. Nas reuniões as pessoas são convocadas a “prestar culto a Deus”, e embora estando juntas, pouca coisa acontece na esfera de ser benção ao outro, orar uns pelos outros, compartilhar uns com os outros. Penso que isso se dá principalmente pelo fato de entendermos a igreja como um lugar aonde vamos, o culto com uma reunião da qual assistimos (a maioria passivamente). Neste sentido, as pessoas passam a ser freqüentadores, audiência, contribuintes em potencial, não com seus dons espirituais, mas com seus recursos materiais. É evidente que precisamos rever nossos ajuntamentos, a fim de, quem sabe voltarmos àquilo que os mesmos nunca deveriam ter deixar ser.

Continua...

Riva dos Santos
 
 
 
Reproduzido Dc. Alair Alcântara


Liberdade




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