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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Queda do Muro anunciou derrocada da União Soviética, dizem especialistas

SÃO PAULO - Principal símbolo da Guerra Fria, o Muro de Berlim representou, durante 28 anos, um mundo dividido ideologicamente. A queda da barreira física que refletia a diferença entre regimes socialistas e capitalistas anunciou o desmanche da maior potência comunista da época, a União Soviética, e marcou o fim de uma era, segundo especialistas ouvidos pelo Último Segundo.


Esta é uma das reportagens que fazem parte do especial sobre os vinte anos da queda do Muro de Berlim. Entrevistas, artigos, infográficos, galerias de fotos e vídeos buscam mostrar o impacto político, econômico e cultural de um dos fatos históricos mais importantes do século 20.

Getty Images
Soldados da Alemanha Oriental atravessam barreira após queda do Muro

Soldados do lado Oriental atravessam barreira após queda do Muro

"A queda do Muro é o símbolo máximo da falência do sistema comunista e da derrota do socialismo real. Foi o grande impulso que gerou a derrocada da União Soviética", afirma o cientista político Christian Lohbauer, membro do Gacint (Grupo de Análise da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo).

"É um fato histórico que ultrapassa as dimensões alemãs e europeias, que marcou a vida de todas as pessoas, países e organizações por ser a imagem muito poderosa do fim de uma era", completa Lohbauer.

Para o historiador Angelo de Oliveira Sagrillo, professor de História Contemporânea da USP, a queda do Muro de Berlim evidenciou que a União Soviética deixaria de interferir nos países do Leste Europeu para conter movimentos de resistência ao comunismo, como fez anteriormente na Hungria e na Tchecoslováquia, por exemplo.

As políticas de liberalização e reestruturação na URSS (conhecidas como Glasnost e Perestroika), somadas à afirmação do então secretário-geral do Partido Comunista soviético, Mikhail Gorbachev, de que as tropas soviéticas não iriam interferir no regime comunista da Alemanha, impulsionaram os movimentos de resistência do país. Esses fatores foram cruciais para a queda do Muro e para o fim da União Soviética, dois anos depois.

"O regime comunista caiu primeiro no Leste Europeu porque tinha sido implantado por uma força externa – a URSS –, depois da Segunda Guerra Mundial", explica Angelo de Oliveira Sagrillo. "Na Rússia, ao contrário, a revolução socialista foi um movimento interno, nativo, do povo. Lá o socialismo tinha raízes mais fortes, e por isso conseguiu resistir mais um pouco".

Veja no mapa como foi o colapso da União SoviéticaColapso da União Soviética


O professor ecoa a tese do historiador britânico Eric Hobsbawm, para quem o século 20 foi um "século curto". "Trata-se de um período iniciado em 1917 pela Revolução Russa, que introduziu um regime de produção diferente do capitalismo, e fechado pela queda do Muro de Berlim e pelo fim da União Soviética", acredita.

Para Christian Lohbauer, fatos como a chegada do homem à Lua e os ataques terroristas de 11 de setembro devem rivalizar com a queda do Muro de Berlim quando, nas próximas décadas, os historiadores avaliarem o momento histórico que encerrou a idade contemporânea. Sem hesitar, ele opta pela queda do Muro.

"Toda a História recente do mundo foi transformada por esse símbolo que mudou a humanidade e marcou a cultura universal", afirma, notando que, no dia 9 de novembro de 1989, quando a barreira foi ao chão, nenhum tiro foi disparado.

"O Muro estava ali para durar para sempre. Em 8 de novembro, nenhum cientista político, economista, presidente ou gênio da lâmpada imaginava que ele fosse cair no dia seguinte", acrescenta. "Foi uma daquelas surpresas da História".

Veja no infográfico como era a divisão da Alemanha e um raio-x do MuroMuro de Berlim

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http://ultimosegundo.ig.com.br/murodeberlim/2009/11/05/queda+do+muro+anunciou+derrocada+da+uniao+sovietica+dizem+especialistas+9010072.html



Dc. Alair Alcantara

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