A Microsoft anunciou ontem o corte de 5 mil empregos nos próximos 18 meses - mais de 5% de sua força de trabalho -, um sinal de quão fortemente mesmo as maiores e mais ricas empresas estão sendo atingidas pela recessão. Os cortes foram divulgados junto com o anúncio de uma queda de 11% nos lucros da empresa no segundo trimestre do ano fiscal.
As ações da Microsoft afundaram quase 11% durante o dia."Estamos com certeza no meio de uma conjunção única de fatores. A economia está nos seus níveis mais baixos, assim como o consumo", disse o presidente da Microsoft, Steve Ballmer, durante uma conferência. Ontem já foram afastados 1,4 mil funcionários - nenhum no Brasil. As áreas afetadas foram pesquisa e desenvolvimento, marketing, vendas, finanças, jurídica, recursos humanos e TI. A maior parte, em Redmond (EUA), onde fica a sede da companhia. Ballmer também avisou que ocorreriam mudanças nas áreas de suporte, operações, cobrança, manufatura e centrais de dados.
Os maiores nomes do setor de tecnologia também anunciaram demissões nos últimos dias. A fabricante de chips Intel e o Google estão entre os que cortaram vagas. As vendas nas festas de fim de ano foram as piores para o setor de computadores pessoais desde 2002.
Em nota para os empregados, Ballmer disse que a Microsoft não é imune aos efeitos da economia. "Os consumidores e as empresas estão evitando gastos, o que afetou as vendas de PCs e gastos com TI", disse. O executivo afirmou que a Microsoft cortou US$ 600 milhões em custos no trimestre, mas que isso não foi suficiente.
Por outro lado, a Microsoft negou que fosse parar de contratar. Durante a conferência de anúncio de resultados, Ballmer disse que a empresa iria aumentar o número de funcionários para apoiar áreas chave durante os próximos 18 meses, incluindo buscas online. Por isso, o número de funcionários teria uma queda de 2 mil a 3 mil, e não o total de 5 mil. Atualmente, a empresa tem cerca de 94 mil funcionários.
"Eu esperava um corte mais profundo", disse o analista da Cowen and Co., Walter Pritchard. "Eles estão tentando evitar cortes excessivos, para obter os mesmos resultados que teriam antes. É como querer ter todo o bolo depois de comer." A fabricante de softwares está reduzindo gastos com viagens, negociadores e equipe de vendas, e afirmou que vai recalcular o projeto de expansão de sua sede em Redmond.
A Microsoft afirmou que essas demissões vão reduzir os custos operacionais em US$ 1,5 bilhão, e se prepara para faturamento e lucro menores na segunda metade do ano. A companhia diz não ser possível prever lucros e resultados para o resto do ano, por causa da volatilidade do mercado.
A empresa afirmou que os lucros no último trimestre caíram para US$ 4,17 bilhões, ou 47 centavos por ação, em comparação com o último ano, quando obteve lucro de US$ 4,71 bilhões, ou 50 centavos por ação. A receita total subiu 2%, para US$16,63 bilhões. Os resultados ficaram abaixo das previsões de Wall Street, de vendas de US$ 17,08 bilhões.
A maior parte do lucro da Microsoft vem das vendas do sistema operacional Windows e de seu pacote de softwares Office, que inclui programas como o Microsoft Word, PowerPoint e Excel. Receita e ganhos encolheram em ambas as divisões.
Um ponto ainda positivo para a gigante de tecnologia são os softwares para computadores que funcionam como servidores corporativos, uma área que ainda cresce.
O analista da consultoria Gartner, Neil MacDonald, afirmou que o setor de servidores pode escapar da crise porque é esse tipo de ferramenta que as empresas utilizam para aumentar sua eficiência e economizar. As ações da Microsoft caíram US$ 2,08, ou 10,9%, no pregão de ontem em Nova York, fechando em US$17.30. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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