Por Pr. Alair Alcântara!!!
A Bola de Neve Church está tentando impedir na Justiça a publicação de um livro baseado num trabalho acadêmico que analisa a direção da denominação e as ações de “marketing” usadas para posicionar a igreja junto aos fiéis.
O livro em questão é A Grande Onda Vai te Pegar – Marketing, Espetáculo e Ciberespaço na Bola de Neve Church, escrito pelo mestre em história Eduardo Meinberg Maranhão Filho, 40 anos, e editado pela Fonte Editorial.
A publicação faz uma análise sobre supostas estratégias de mercado adotadas pelo apóstolo Rina – formado em marketing e pó-graduado em administração – na condução da Bola de Neve. Entre os subcapítulos do livro, existem alguns que falam sobre “Marketing ‘de Jesus’ e teologia da prosperidade”; “Conhecendo/acessando a lojinha/shopping/Planet Bola”; “É dando à igreja que se recebe de Deus: preparando davis para as finanças”; e “Nós somos a dobradiça da porta: as mulheres do Bola como costela”.
De acordo com informações da blogueira e jornalista Anna Virginia Balloussier, colunista do site da Folha de S. Paulo, a Bola de Neve entrou com uma ação liminar na 2ª Câmara de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo pedindo que o lançamento do livro fosse proibido.
O juiz Alexandre Marcondes negou a liminar aos advogados da Bola de Neve alegando que “o interesse público [na obra] é inegável”, e citou o artigo 20 do Código Civil (que veta biografias não autorizadas) dizendo que a proibição de publicações como essa “apenas será tolerada quando seja possível afastar, de imediato, a presunção constitucional de interesse público”.
Segundo a advogada Taís Amorim, uma das representantes da Bola de Neve, o motivo da ação contra a publicação do livro não seria o conteúdo, mas sim o uso do nome da igreja sem consentimento da direção: “O autor utiliza, sem qualquer autorização, o nome da igreja na capa do livro, induzindo a erro especialmente os milhares de membros da entidade, que poderiam confundir a publicação como sendo da própria igreja”, declarou Taís à jornalista Balloussier.
Taís Amorim ainda descarta a ideia de que o livro seja uma publicação com análises acadêmicas e diz que “foi possível deduzir que o juízo de valor promovido pelo autor não condizia à realidade da entidade”, e pontua que observar a igreja como uma “agência mercadológica é uma inverdade e, portanto, uma ofensa à entidade, que tem como único alvo e fomentador de seus trabalhos o Senhor Jesus Cristo”.
O autor do livro discorda: “Em minha dissertação, termos como agência religiosa, marketing, espetáculo e midiatização são entendidos de forma diferente do senso comum, que trata e tende a ver os mesmos do lado oposto da dimensão do sagrado. Tais termos não têm sentido negativo nem positivo, na minha opinião são categorias de análises – rasuráveis, como proponho”, afirmou Eduardo à Folha.
A blogueira Vera Siqueira também publicou artigo sobre o imbróglio e afirmou ter procurado o livro para aquisição, sem sucesso: “Ora, o que um livro acadêmico pode trazer de tão ruim para a Igreja Bola de Neve e seu apóstolo (?) Rina, para que tenham que acionar seus advogados contra a publicação? Será que têm algo a esconder?”, questionou.
Sobre liberdade de expressão, Vera Siqueira discorreu sobre o tema de uma perspectiva mais ampla, e citou bandeiras hasteadas por líderes evangélicos nacionais, inclusive o apóstolo Rina: “É muito bonito ouvir essa expressão nas Marchas para Jesus, quando os líderes gospel e os políticos em cima do palco principal a bradam e fazem a plateia repetir, em referência à liberdade que querem para denunciar o homossexualismo. Porém, a tal ‘liberdade de expressão’ só vale quando é favorável ao líder gospel. Esse negócio de ‘liberdade de expressão’ para homossexuais, críticos e autores de livros acadêmicos tem que ser reprimida a qualquer custo”, criticou.
Por Pr. Alair Alcântara
Liberdade
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